- Conferências
- Notícias
- Fundação SiGMA
- Treinamento & Consultoria
- Tour de Pôquer
- SiGMA Play
- Sobre
Nos bastidores, o que se vê sobre o tênis é um esforço constante das autoridades para conter um problema que ameaça a credibilidade do esporte: a corrupção. E quem pensa que isso se limita a jogadores está enganado — até árbitros estão sendo flagrados em esquemas de manipulação de resultados.
Nas últimas semanas, a (ITIA, na sigla em inglês) anunciou a suspensão de três árbitros: Luis Rodriguez, Antonio Sosa e Wellingthon Lopez. Todos foram considerados culpados de violar o Programa Anticorrupção do Tênis (TACP) por manipularem dados de partidas para facilitar apostas esportivas. Os três negam envolvimento, mas as investigações foram suficientes para que as punições fossem aplicadas.
Luis Rodriguez, por exemplo, foi banido para sempre do tênis. De acordo com a ITIA, ele alterou dados de seis partidas entre 2018 e 2020 na República Dominicana. Em dezembro de 2024, após uma audiência conduzida por um oficial independente, ficou decidido que ele não poderia mais exercer nenhuma função ligada ao esporte. Além disso, foi multado em US$ 15 mil. “Não foi um erro isolado, mas uma série de atitudes que minaram a integridade do tênis”, explicou o responsável pela decisão, Richard Young.
Antonio Sosa, também envolvido em manipulações durante duas partidas em 2021, recebeu uma punição mais leve, mas ainda assim grave: cinco anos de suspensão e uma multa de US$ 3 mil. Já Wellingthon Lopez, acusado por casos ocorridos em 2019 e 2020, foi suspenso por quatro anos e meio e teve que pagar uma multa de US$ 1 mil. Ambas as suspensões são retroativas, o que significa que Sosa poderá retornar ao ofício em 2027 e Lopez, em 2025.
Esses casos, no entanto, estão longe de serem isolados. O cenário de hoje nos mostra um problema muito mais amplo e organizado, com extensões em diversos países. Um exemplo disso é o esquema de manipulação de resultados com base na Bélgica, que envolveu um sindicato internacional comandado por Grigor Sargsyan. Condenado em 2023 a cinco anos de prisão, Sargsyan liderava uma rede de apostadores que influenciavam partidas mundo afora. Mais de 180 jogadores de pelo menos 35 países estariam ligados ao grupo.
Cinco jogadores europeus — Yannick Thivant, Thomas Brechemier, Gabriel Petit, Thomas Setodji e Hugo Daubias — já foram punidos com suspensões que variam de alguns meses a anos. Todos foram considerados culpados por atos de corrupção entre 2017 e 2018. Esses atletas foram acusados de aceitar dinheiro em troca de derrotas planejadas, duplas faltas em momentos específicos ou outros tipos de manipulação sutis que passavam despercebidas do público.
O que surpreende muitos fãs do esporte é justamente o perfil dos envolvidos. Muitos desses árbitros e jogadores não atuam em grandes torneios como Roland Garros, Wimbledon ou US Open. Eles fazem parte do circuito de base — torneios menores, com pouca cobertura da mídia, mas com alta movimentação em sites de apostas. Justamente por isso, se tornam alvos fáceis: recebem menos e têm pouca visibilidade.
Segundo a ITIA, a fiscalização está mais tecnológica, usando softwares que monitoram alterações suspeitas nas odds (as cotações das apostas) e até análises de comportamento em quadra. Além disso, a agência vem promovendo campanhas educativas com atletas e árbitros, ensinando como identificar abordagens suspeitas e quais canais usar para denunciar tentativas de suborno.
A manipulação de resultados no tênis — assim como em outros esportes — é um desafio complexo. Envolve dinheiro fácil, redes criminosas internacionais e um mercado de apostas que movimenta bilhões todos os anos.
A grande pergunta que fica é: o tênis conseguirá se manter íntegro em meio a tantos escândalos? Porque, no fim das contas, o que está em jogo não é só uma partida — é a credibilidade de todo um esporte.