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Os tempos de experimentação ficaram para trás. De automações comandadas por agentes a decisões impulsionadas por dados, o painel mostrou como a inteligência artificial já está moldando o comportamento de apostas, estratégias de precificação, personalização no marketing e até a maneira como empresas estão sendo construídas do zero. A mensagem para quem ainda trata a IA como um acessório foi clara: você já ficou para trás.
Um painel do “AI Speedtrain” realizado durante uma conferência de iGaming em Valletta não economizou nas palavras. A verdadeira transformação por meio da IA já chegou – e está reescrevendo as regras do setor. Com a presença de nomes como Daniel Graetzer, Sócio-Gerente da Newton-Lorenz; Dmitry Belianin, Fundador e CEO da Belianin; Marcello De Crescenzo, Executivo Sênior de Contas da Optimove; e Tomash Devenishek, fundador e CEO da Kero Sports, o painel foi um alerta direto para os executivos que ainda estão apenas “testando” a inteligência artificial.
“O maior benefício neste momento é a velocidade. Não se trata apenas de economizar tempo, mas de reduzir drasticamente a distância entre uma pergunta e a resposta. Dez horas de análise agora acontecem em dez minutos. Isso muda tudo.”
Um tema recorrente ao longo do debate foi que a IA não está apenas acelerando processos — ela está reformulando a maneira como decisões são tomadas, produtos são desenvolvidos e papéis profissionais são redefinidos. Não se trata de algo artificial, e sim adicional. E, nas mãos de quem chegou primeiro, já está gerando uma vantagem competitiva real.
O debate na conferência da NEXT.io foi além da adoção: focou no que acontece quando se reconstrói tudo do início. As empresas que já nascem com DNA de IA não estão fazendo ajustes em sistemas antigos – estão desenhando tudo do zero. Agentes autônomos programam e corrigem software em tempo real. Sistemas de raspagem de dados com camadas de IA monitoram e verificam informações em mais de 12.000 sites por minuto. CRMs inteligentes enviam mensagens personalizadas baseadas em tom de voz, timing e eventos ao vivo durante os jogos.
“Criamos um aplicativo móvel completo, com camada de API e estrutura de banco de dados, usando três agentes autônomos que se comunicavam entre si”, revelou um dos participantes. “O que levaria semanas, fizemos em algumas horas.”
Essa mudança — de um simples ganho de produtividade para uma verdadeira coautoria digital — é o que separa experiências pontuais de transformações reais.
Apesar do entusiasmo, muitas empresas ainda estão presas àquilo que um dos palestrantes chamou de “ilusão de adoção”. Um plugin no Slack aqui, um chatbot ali, um fluxo de marketing com texto padronizado acolá.
“É como colocar um motor de foguete numa bicicleta”, brincou alguém. “A IA tem força exponencial, mas a maioria das empresas ainda está pedalando.”
revelou que, embora 75% das empresas digam utilizar IA de alguma forma, apenas 1% se consideram realmente maduras nesse quesito. O painel atribuiu isso à falta de estrutura, lacunas de talento e ausência de senso de urgência entre os executivos.
“Falta responsabilidade. Falta um defensor da IA dentro da empresa. Sem alguém puxando esse movimento de cima para baixo, a tecnologia não vira parte da cultura — continua sendo tratada como uma curiosidade.”
Enquanto isso, as máquinas já estão integradas, mesmo que em silêncio. Um dos especialistas contou que sua equipe hoje usa o Slack como um “oráculo interno”, armazenando perguntas anteriores e oferecendo respostas antes mesmo que alguém pergunte.
O impacto mais imediato está nas funções operacionais. Agentes e bots já substituem, em larga escala, tarefas repetitivas executadas por humanos. Mas o painel alertou: áreas como estratégia, análise de dados e design de jogos são as próximas. A questão não é apenas substituir pessoas — é reimaginar como uma empresa gera valor. Ainda assim, a previsão de cenários continua sendo um desafio. Os especialistas concordaram que os modelos preditivos ainda são inconsistentes e não transmitem confiança suficiente para sustentar estratégias centrais.
“Se a IA é dez vezes mais rápida e você gasta o mesmo, o retorno é dez vezes maior. Ela não elimina empregos — ela constrói negócios.”
Um dos palestrantes compartilhou um alerta vindo de outro setor. Uma grande empresa de tecnologia financeira substituiu 700 atendentes por IA — e acabou recontratando muitos deles em novas funções. O motivo? Eficiência não foi suficiente. A conexão humana ainda era essencial, e não foi possível automatizar a confiança.
Mas nem todo mundo está acelerando pelas razões certas. Um alerta foi feito sobre os riscos da otimização excessiva — algo particularmente sensível no setor de apostas. “Você pode pressionar mais os jogadores. Pode oferecer promoções personalizadas com precisão cirúrgica. Mas… será que deve?”
Acredita que as odds ao vivo são apenas matemática? Tente 50 mil simulações geradas por IA para o mesmo jogo. Cada cenário, cada resultado, testado e refeito até que o algoritmo diga “apostar”. Se isso não te assusta, deveria. Essa é a IA criando um déjà vu no mundo das apostas.
Com grande poder vem uma persuasão quase sobre-humana. O painel levantou essa preocupação quando a discussão girou em torno do jogo responsável. A SiGMA News publicou recentemente uma série exclusiva em duas partes sobre como o setor de apostas do Reino Unido está sendo mais uma vez assombrado por um monstro que se recusa a desaparecer.
“A tecnologia já consegue prever em que você aposta, quando, com qual humor e até em que linguagem. Se isso não é poder de persuasão, então não sei o que é.”
O painel defendeu que os reguladores auditem e entrem na corrida tecnológica com seus próprios modelos de IA. Um dos palestrantes sugeriu que, futuramente, as exigências para concessão de licenças podem incluir salvaguardas específicas relacionadas à IA e obrigações de transparência.
“O uso responsável da IA não é apenas uma questão moral — é uma necessidade estrutural.”
E o risco de não agir? Um dos participantes alertou sobre modelos offshore: sem restrições, eles podem usar sistemas de IA persuasivos em níveis muito além do que os reguladores atualmente permitiriam.
Por mais eficiente que seja, há coisas que continuam importando. Criatividade. Empatia. Humor. Autenticidade. O painel terminou com uma sessão de “tiração de sarro” alimentada por IA, onde agentes imitaram cofundadores com comentários brutalmente sinceros. As críticas acertaram em cheio.
Um apresentador comentou: “Disse que eu tenho a visão do Elon (Musk), a paciência de uma vespa e uma lista de tarefas que acha que dormir é teoria da conspiração.”
Outro completou: “Você vive dizendo que é visionário, mas ainda atualiza planilhas manualmente como se fosse 2012.”
As risadas foram inevitáveis. Mas a reflexão ficou no ar. A IA já nos conhece melhor do que imaginamos. E está só começando.
Essa não foi uma conversa sobre “se”. Foi sobre “com que velocidade”. O setor de iGaming agora precisa decidir se vai construir com a IA — ou ser ultrapassado por quem já está fazendo isso.
Porque, enquanto muitos ainda se preparam, a IA já está escrevendo as probabilidades. E não está blefando. Ou, como disse um dos palestrantes: “Se você tem medo da IA te substituir, talvez o problema não seja a IA.”